top of page

Ep. 61 - A história da Língua Portuguesa

ABRIR EPISÓDIO EM:

59b5bb466dbe923c39853e00.png
5f675af73b3c2a0004655703.png
5f675b163b3c2a0004655704.png
yt-icon.png
Ep. 61 - A história da Língua Portuguesa
00:00 / 08:15

Desde o nascimento do Reino de Roma aos dias de hoje, neste episódio aprendemos a história da língua portuguesa. De onde veio, como se desenvolveu e que influências sofreu.



TRANSCRIÇÃO


A língua portuguesa! A sexta língua mais falada no mundo por número de falantes nativos, espalhada pela Europa, África, Ásia e claro, América do Sul!


Uma língua românica com uma fonética complexa, influenciada por línguas de todos os continentes, e com uma sonoridade muitas vezes definida como… um russo bêbado a tentar falar espanhol. Pfff! Вы ничего не понимаете!


Hoje quero falar um pouco sobre a história da língua portuguesa, de onde veio, para onde foi, e quais as influências que sofreu ao longo dos seus mais de 800 anos de vida.


Tudo começou, como acho que todos sabemos, com o Reino, depois República e depois Império Romano, em que a língua oficial era o latim.


Quando digo latim, estou a falar desta língua de forma muito geral, porque o Reino de Roma foi fundado em 753 a.C. e o Império Romano de Ocidente caiu no século V d.C.


Ou seja, estamos a falar de um período de cerca de 1200 anos durante o qual o latim sofreu muitas alterações e a língua que se falava na altura da fundação do reino de Roma era certamente bastante diferente daquela que se falava no século V, quando o império romano caiu.


Para além de sofrer alterações com o passar dos séculos, o latim também se foi alterando ao se propagar geograficamente pela Europa e Ásia e outros continentes, aquando da expansão do Império Romano.


Os vários dialetos de latim falados nas províncias romanas ocidentais eram conhecidos no seu conjunto como latim vulgar, e foi desses vários dialetos de latim vulgar que nasceram, que se desenvolveram, as línguas românicas que conhecemos hoje

Atualmente, as mais faladas dessas línguas são o espanhol, o português, o francês e o italiano, e aproveito para vos lembrar que comecei com a Elena, a Elisa e o Davide, um projeto nestas 4 línguas chamado Liga Romanica.


Na Liga Romanica fazemos lives no Twitch em que falamos sobre línguas românicas, cada um na sua língua românica, e temos convidados que falam outras línguas românicas.


Podem ver-nos em direto no Twitch todas as 4ªs feiras às 6 da tarde, ou então ver as lives em diferido no YouTube no canal Liga Romanica.


Voltando à nossa história, depois da queda do Império Romano de Ocidente, novas fronteiras foram sendo desenhadas e alteradas ao longo dos séculos, e com elas os vários tipos de latim vulgar foram evoluindo de formas diferentes e ganhando nomes diferentes.


Na Península Ibérica desenvolveram-se várias línguas, as chamadas línguas ibero-românicas, uma das quais se desenvolveu no Noroeste da península, onde atualmente está o Norte de Portugal e a Galiza, e cujo nome era galego-português.


Um nome bastante auto-explicativo que nos indica que esta língua foi a precursora do galego e do português.


A transformação do latim vulgar em galego-português deu-se de forma gradual, não foi de um dia para o outro, tanto que existem 2 documentos que podem ser considerados o documento mais antigo escrito em galego-português, embora as pessoas que os escreveram considerassem que estavam a escrever em latim.


Estes documentos são a “Carta de Fundação da Igreja de Lardosa” do séc IX e a “Notícia de fiadores” do séc XII.


Também é difícil precisar quando é que o galego e o português se transformaram em 2 línguas diferentes, e é até possível argumentar que só são consideradas línguas diferentes por questões geopolíticas e de fronteiras e não necessariamente linguísticas, até porque se ouvirmos uma avó galega e uma avó portuguesa do Norte, falam de forma mais parecida entre si do que um português de São Miguel e um brasileiro* do Rio, que supostamente falam a mesma língua.


No entanto, se tivermos de definir uma data para o nascimento da língua portuguesa, podemos escolher 1214, a data do testamento de D. Afonso II, tido por especialistas como o documento mais antigo escrito em português.


Desde o seu nascimento no século XII, o reino de Portugal foi-se expandindo para o sul, conquistando terras aos muçulmanos, o que culminou na conquista do Algarve em 1249.


Estes reinos muçulmanos tinham estado desde o século VIII naquilo que é atualmente o centro e sul de Portugal, e portanto 5 séculos de contacto entre o árabe e o latim que ali se falava, que acabou por se transformar em português, levaram a que houvesse muita influência árabe na língua portuguesa.


Basicamente, tudo o que começa com “al-” em português vem do árabe, bem como a palavra “oxalá”.


No séc XIV, dois séculos depois de terem definido as suas fronteiras europeias, os portugueses desenvolveram técnicas de navegação que lhes permitiram lançar em explorações por esse mundo fora, mundo esse que na altura era completamente desconhecido aos europeus.


Como tantos países da Europa Ocidental, Portugal também teve o seu império colonial, pelo qual espalhou a língua portuguesa.


Esta língua portuguesa foi-se desenvolvendo ao longo dos séculos em Portugal e nas diferentes partes do Império português, sendo influenciada pelas línguas autóctones dos diferentes lugares do império.


Por exemplo, na Ásia houve muita influência do cantonês e do malaio, havendo ainda hoje em dia, um crioulo minoritário chamado patuá.


Em África o português local foi influenciado pelas línguas bantas, que ainda hoje são faladas como primeira língua por uma grande parte da população de países como Angola e Moçambique.


E no Brasil houve influência de muitas línguas indígenas tupi-guaranis, que nos deram sobretudo muitos nomes da fauna e flora tropical, bem como o termo usado para nos referir-mos às pessoas do Rio: carioca.


O mais engraçado é que depois os regionalismos de cada continente se influenciaram uns aos outros e influenciaram também o português standard.


É graças à influência asiática que dizemos chá e não tê ou té ou algo parecido; é graças à influência africana que temos palavras como bué e ya em Portugal e palavras como moleque e samba no Brasil; e é graças à influência sul-americana que temos jacarés, cajus, pipocas, etc.


O Brasil tornou-se independente em 1822 enquanto que os restantes países e regiões do ex-império português só conseguiram as suas independências mais de um século e meio mais tarde, tendo sofrido portanto influência portuguesa durante a era da rádio e da televisão.


É talvez por isso que o português brasileiro é tão diferente do português europeu, enquanto que o português falado nos PALOP e o pouco português que ainda se fala na Ásia se tenham mantido foneticamente mais parecidos ao português europeu e sigam as normas gramaticais do português europeu.


E é esta a história muito breve da língua portuguesa, espero que tenham gostado, e já que acabámos a falar de fonética, quero anunciar aqui que estou neste momento a desenvolver um curso de pronúncia!


Eu criei este canal para tentar colmatar a falta de conteúdos online de ensino de português europeu, e agora estou a finalmente a trabalhar numa ideia que já tinha há algum tempo, que é um curso de pronúncia de português europeu.


Se tudo correr bem, o curso estará disponível em finais de fevereiro ou início de março, e se estiverem interessados, não se preocupem porque quando sair eu vou pôr links por tudo quanto é sítio.


Resta-me só agradecer aos meus Patrons, que me apoiam incansavelmente todos os meses, e também às pessoas que me apoiaram com doações de Paypal no último mês, que foram as seguintes:


Peter Etlinger, Michael Dawson, Karen Sheriff, Hajer Khader, Kristof Pouls, Paul Krzyszycha, Bryan Beers, Juan Marcos Del Valle, Oldrich Hrdina, Russel Schickerling, Matteo Fabbiani, Marcelo Tapia.


Muito obrigado e até à próxima!

bottom of page