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Ep. 60 - Livros e escritores portugueses

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Ep. 60 - Livros e escritores portugueses
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Vamos descobrir quais é que são os meus livros e escritores portugueses preferidos e quais é que recomendo para diferentes níveis de português



TRANSCRIÇÃO:


Olá a todos e bem vindos de volta ao Portuguese With Leo!


Hoje trago-vos mais um episódio que foi votado pelos meus Patrons e que acho que pode ser útil não só para aqueles de vocês que estão a aprender português, mas também para os falantes nativos de português que ouvem o podcast: Que livros e autores portugueses é que eu recomendo?


Antes de começar, o mundo lusófono é muito rico em literatura e, como devem calcular, existem muitos excelentes escritores de língua portuguesa noutros países, como Mia Couto de Moçambique ou Jorge Amado ou Paulo Coelho do Brasil.


No entanto, hoje vou focar-me em escritores portugueses e vou apresentá-los por ordem de dificuldade, ou seja, do mais fácil de ler para o mais difícil de ler. Vou também deixar de parte livros de poesia e limitar-me aos autores que escrevem em prosa, ou seja, que escrevem textos não poéticos.


Não se esqueçam também de que o meu conhecimento é muito limitado e a minha opinião é subjetiva, por isso vou certamente esquecer-me de muitos excelentes autores.


Começando então com alguns autores mais “fáceis de ler”, vou começar com uma coleção que pessoalmente me diz muito porque foi uma grande parte da minha infância: a coleção “Uma Aventura”.


Uma Aventura é basicamente a versão portuguesa d’Os Cinco de Enid Blyton. É uma série de livros para crianças e jovens que segue 5 adolescentes que se metem em aventuras por todo Portugal, como é o caso de “Uma aventura no Palácio da Pena”, “em Evoramonte” ou “na Serra da Estrela”, e até no estrangeiro, como é o caso dos livros “Uma Aventura em França” e “em Macau”.


Os livros são curtos, escritos num português simples e com muito diálogo e não perdem muito tempo a chegar à ação.


As autoras desta coleção são a Ana Maria Magalhães e a Isabel Alçada, que lançaram o primeiro livro, “Uma Aventura na Cidade” em 1982, e que continuam até aos dias de hoje, contando já com 63 livros publicados e o 64º a caminho em 2022.


De seguida, continuando com livros relativamente curtos e fáceis de ler, temos o Afonso Cruz. Este autor já escreve livros para um público alvo um pouco mais velho do que os livros de Uma Aventura, desde adolescentes até adultos, e os seus livros mais conhecidos são talvez “Os Livros que Devoraram o Meu Pai”, “Jesus Cristo Bebia Cerveja” e “Para Onde Vão os Guarda-Chuvas”.


Continuando nos contos juvenis, passamos talvez para a autora mais conhecida e reconhecida: Sophia de Mello Breyner Andersen. Digo autora mais “reconhecida”, porque em 2014, 10 anos após a sua morte, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, onde só são sepultados portugueses considerados verdadeiramente ilustres.


Embora a Sophia de Mello Breyner seja famosa pela sua poesia, eu aqui quero fazer referência aos seus contos infantis, que são curtos e relativamente fáceis de ler. Se não souberem por onde começar, ela tem uma pequena coleção de contos chamada “Contos Exemplares”.


Da Sophia passamos para o seu filho, Miguel de Sousa Tavares. Embora atualmente ele seja talvez mais conhecido como comentador político, Miguel Sousa Tavares é um romancista de sucesso, sendo a sua obra mais conhecida sem dúvida o livro Equador, um romance que fala sobre a colónia portuguesa de São Tomé e Príncipe nos últimos anos da monarquia portuguesa, no início do século XX. Outro dos seus melhores livros é também “O Rio das Flores”.


Continuando ainda nos romances, passamos agora para José Rodrigues dos Santos. Durante muitas décadas, os portugueses conheciam José Rodrigues dos Santos apenas como jornalista e apresentador do Telejornal na RTP, que concluía todas as emissões com o seu famoso piscar de olhos, mas em 2005 ele lançou o seu primeiro romance, o Codex 632, um thriller que segue o personagem Tomás Noronha e que explora o enigma histórico da nacionalidade de Cristóvão Colombo. Será que Colombo era português?


Este livro rapidamente fez dele um dos autores portugueses mais lidos e mais apreciados e no ano seguinte lançou o seu segundo romance, A Fórmula de Deus, com o mesmo protagonista e que também foi um sucesso, e desde então já escreveu 11 romances com o Tomás Noronha como personagem principal. Basicamente, José Rodrigues dos Santos é o Dan Brown português e Tomás Noronha é o seu Robert Langdon.


José Rodrigues dos Santos é talvez o autor contemporâneo mais conhecido, mas agora recuamos mais de um século para falar sobre aquele que é considerado o maior escritor realista português de todos os tempos, ao nível de autores como Charles Dickens, Balzac e Tolstoy. Estou a falar de Eça de Queiroz.


Eça é aquele nome que todos os portugueses conhecem desde os 14 anos, quando na escola temos de ler a sua obra-prima: o romance Os Maias.


Embora seja um autor um pouco mais difícil de ler e que usa vocabulário antigo (Eça viveu durante a segunda metade do século XIX), a verdade é que quando começamos a ler um livro de Eça, é difícil largá-lo até chegar ao final.


Os seus livros focam-se muito na sociedade portuguesa burguesa da sua época e abordam temas simples e do quotidiano, sempre com ironia, humor e bastante crítica social. As suas obras mais conhecidas são talvez Os Maias, O Crime Padre Amaro e O Primo Basílio.


Finalmente, para acabar, temos o único autor português e de língua portuguesa a ter ganho um Prémio Nobel da Literatura: José Saramago.


Eu disse-vos que ia apresentar os escritores do mais fácil de ler para o mais difícil de ler, e o principal motivo pelo qual José Saramago é talvez o autor português mais difícil de ler é porque ele não segue as regras da pontuação. Nos seus livros não há aspas nem hífenes nem outras formas de sinalizar o diálogo. Saramago usa apenas vírgulas e pontos finais e define a sua forma de escrever como uma narração oral.


Basicamente, Saramago é a personificação da famosa citação de Pablo Picasso: “Aprende as regras como um profissional para as poderes quebrar como um artista.”


O livro mais conhecido de Saramago é sem dúvida o “Ensaio Sobre a Cegueira”, que até foi adaptado para filme em 2008, com atores de renome como Julianne Moore e Mark Ruffalo.


Saramago escreveu muitos e muito bons livros e é difícil dar-vos só alguns nomes, mas alguns dos mais conhecidos são talvez O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, História do Cerco de Lisboa e O Homem Duplicado.


E com esta concluímos, dei-vos aqui muitos livros para ler e há muitos autores mais que eu não referi. Caso não saibam onde encontrar estes livros, sugiro que pesquisem na wook.pt ou nos sites ou lojas físicas da livraria Bertrand e da Fnac.


Para acabar, quero agradecer às mais de 100 pessoas que me apoiam no Patreon e que ajudaram a escolher o tema deste episódio, e como sempre, convido os restantes de vocês a apoiarem este projeto no Patreon para terem acesso a conteúdos exclusivos e à comunidade Portuguese with Leo do Discord!


Para além de tudo aquilo que já ofereço no Patreon, em 2022 vou começar um podcast mensal exclusivo, com episódios de cerca de 30 a 40 minutos para os Patrons do nível Bacalhau à Brás ou superior.


Se isso vos interessar, juntem-se ao Patreon, o link está na descrição, e até para a semana!

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