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Ep. 50 - A independência do Brasil

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Ep. 50 - A independência do Brasil
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Neste episódio aprendemos como é que o Brasil se tornou independente de Portugal, há exatamente 199 anos, no dia 7 de Setembro de 1822.



TRANSCRIÇÃO:


Olá a todos e bem vindos de volta ao Portuguese With Leo!


Há 2 semanas falei-vos sobre um acontecimento histórico importante em Portugal, que foi a Revolução Liberal de 1820. Se ainda não ouviram esse episódio, sugiro que o façam antes de ouvirem este, foi o episódio número 48.


No episódio sobre a Revolução Liberal vimos que a família portuguesa e toda a corte portuguesa se mudaram para o Brasil em 1807, mais especificamente para o Rio de Janeiro, para fugir às invasões napoleónicas. No episódio de hoje vamos ver o que é que aconteceu no Brasil durante o tempo em que a família real portuguesa lá viveu, que mudanças é que aconteceram que culminaram na independência do Brasil, a 7 de setembro de 1822, que comemora esta semana 199 anos.


Ora, com a mudança da corte portuguesa para o Brasil em 1807, e com a incerteza de que Portugal conseguisse resistir às Invasões Napoleónicas, o Brasil torna-se o centro do Império Português e Portugal perde importância o que faz com que haja uma data de mudanças económicas, sociais e políticas que levam a que, em 1815, D. João VI eleve o Brasil à condição de Reino. Ou seja, o Brasil deixa de ser uma colónia do Reino de Portugal e passa a ser ele próprio um Reino. Um Reino unido ao Reino de Portugal dentro do Império Português,  mas ao mesmo nível que o reino de Portugal em vez de estar subjugado a este.


A vida continua assim durante outros 5 anos, até que em 1820, se dá a Revolução Liberal em Portugal, e no ano seguinte, 1821, a família real volta para Lisboa e Lisboa volta a ser a capital do Império Português. Capital essa que nos últimos 13 anos, enquanto a família real estava a viver no Brasil, tinha sido o Rio de Janeiro.


Os reinos de Portugal e do Brasil continuam neste regime de monarquia dual: 2 reinos governados por um só monarca, D. João VI, que deixa o seu filho mais velho no Brasil a governar como príncipe regente, D. Pedro de Alcântara. E é aqui que começa a crescer uma tensão entre Brasil e Portugal, entre D. Pedro que estava a governar o Brasil e entre as Cortes Constituintes, em Portugal que são basicamente o Parlamento português.


Os membros das Cortes Constituintes não respeitam D.Pedro e depois de 13 anos em que o Brasil era efetivamente o centro do Império Português, querem voltar a trazer poder e importância para Portugal e por isso começam a pôr em causa a soberania do Brasil e a tomar decisões que prejudicam o Brasil em benefício de Portugal.


Primeiro, obrigam D. Pedro a demitir alguns dos seus ministros contra a sua vontade; depois decretam que o território brasileiro passa a ser governado por D.João VI, e D. Pedro em vez de ser regente do Brasil, passa a ser apenas governador do Rio de Janeiro; e finalmente, acabam por exigir que D. Pedro volte para Portugal.


No entanto, nesta altura D. Pedro já está farto dos membros das Cortes Constituintes do parlamento português, e sente-se muito mais unido ao Brasil e ao povo brasileiro, e portanto a sua resposta a esta exigência de que volte para Portugal veio num jornal brasileiro em janeiro de 1822, e é a seguinte: "Como é para o bem de todos e para a felicidade geral da nação, estou pronto: Diga ao povo que eu vou ficar". Ou seja, D.Pedro recusa-se a ir para Portugal e decide ficar no Brasil. Isto ficaria conhecido como o Dia do Fico.


Depois desta declaração, toda a tensão que foi crescendo entre D. Pedro no Brasil e as Cortes Constituintes em Portugal chegou ao seu auge, e o general português Jorge Avilez iniciou um motim na cidade do Rio de Janeiro.


Este motim é rapidamente subjugado pelas forças de D. Pedro, que expulsa o general Avilez para Portugal e nomeia José Bonifácio, que mais tarde viria a ser conhecido como o Patriarca da Independência, para o cargo de ministro do Reino e dos Negócios Estrangeiros.


Em resposta a isto, as Cortes Constituintes, em Lisboa, procuram anular os poderes de José Bonifácio e opor-se à autoridade brasileira. Mas é aqui, que temos então o momento mais famoso da independência brasileira, no dia 7 de setembro de 1822, em que D. Pedro como resposta a esta tentativa de retirar o poder brasileiro grita nas margens do rio Ipiranga, no estado de São Paulo: “Independência ou morte!”. Este momento ficou conhecido como o “Grito do Ipiranga”.


Na semana seguinte D. Pedro volta para o Rio de Janeiro, onde é aclamado como imperador do Brasil no dia do seu aniversário, 12 de outubro de 1822.


No entanto, a separação oficial dos 2 países só se dá uns meses mais tarde, no dia 1 de dezembro de 1822, quando D. Pedro é então coroado D. Pedro I, o primeiro imperador do Brasil.


Como devem imaginar, as coisas não ficaram por aqui, e Portugal tentou reconquistar o Brasil, numa guerra que durou 2 anos e que foi combatida ao longo de vários pontos da costa brasileira e até do Uruguai, que na altura fazia parte do Brasil.


Uma das figuras que mais se destacaram da Guerra da Independência do Brasil foi Maria Quitéria, conhecida por muitos como a Joana D’Arc brasileira, que se alistou no exército disfarçada de homem e que, mesmo depois de ter sido descoberta, foi admitida nas tropas, e até lhe deram um uniforme especial com um saiote. Mais tarde, ela até foi condecorada por D. Pedro com o grau de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro.


A Guerra da Independência acabou em 1823 e em 1825 Portugal finalmente reconheceu a Independência do Brasil, com a assinatura do Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre os 2 países.


Hoje em dia, a independência do Brasil é celebrada no dia 7 de setembro, também conhecido como o Dia da Pátria, que é o dia do famoso Grito do Ipiranga: o momento em que D. Pedro decidiu que o Brasil ia ser um país independente. Embora D. Pedro seja conhecido como D. Pedro I no Brasil, em Portugal nós conhecemo-lo como D. Pedro IV, porque mais tarde, depois de tudo o que ele fez no Brasil, D. Pedro veio para Portugal, foi coroado rei de Portugal e ainda combateu na Guerra Civil Portuguesa, entre 1832 e 1834.


Mas isso é tema para um futuro episódio. Até lá, um abraço e boa semana.

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