O dia 1 de dezembro é um feriado nacional muito importante em Portugal, em que celebramos a Restauração da Independência.
No episódio de hoje vamos falar sobre como é que a Portugal perdeu a sua independência e como é que a conseguimos recuperar após 60 anos de domínio espanhol.
TRANSCRIÇÃO:
Olá e bem vindos de volta ao Portuguese With Leo!
Ontem, dia 1 de Dezembro, foi mais um feriado nacional: o dia da Restauração da Independência. Se não é a primeira vez que estão a ouvir o meu podcast, então sabem que eu já falei por alto sobre a Restauração da Independência nos dois episódios que fiz com a Eating Europe pelas ruas de Lisboa.
Falar por alto significa falar de algo de forma geral e resumida sem entrar em muitos detalhes. Em inglês seria o equivalente a to mention in passing.
Nesses vídeos em que falei por alto sobre a Restauração da Independência, prometi-vos que um dia iria dedicar um episódio inteiro a falar sobre este tema. Pois bem, hoje é esse dia!
Mas antes de começarmos a falar sobre a Restauração da Independência, quero só aproveitar, como já é costume, para agradecer às pessoas que apoiaram o projeto Portuguese With Leo com doações nas últimas semanas, que foram: o Roger Braes, o Andreas Berner, o Leendert Boex, o Gonçalo Mendonça, o Andreas Eliasson, o Ewan Robertson, a Anna-Barbara Goettsche, o Michael Dawson, o Walter, o Domenico Nicosia, a Gabriele Ney, o Thomas Pinkerton, o Franco Panciera, a Regine Schmidhalter, a Ingrid Groot, o ou a Sarocrix, e a Patricia Heyworth, o MJ Pearce, o Bruce Joffe e o Derek Smitt, que já não é a primeira vez que doam.
Um muito, muito, muito obrigado a todos vocês! A vossa generosidade faz mesmo muita diferença, obrigado!
O que foi então a Restauração da Independência? Portugal é um país muito antigo, com quase 900 anos. Desde o século XII que Portugal é um país soberano, ou seja, um país independente de qualquer outro país. E assim foi durante muitos anos, muitos séculos, até ao século XVI, em que houve uma crise de sucessão ao trono.
Uma crise de sucessão acontece quando um rei morre sem deixar herdeiros, e neste caso, o Rei de Portugal D. Sebastião morreu em 1578 sem deixar filhos nem filhas para lhe sucederem no trono.
Isto aconteceu porque D. Sebastião ascendeu muito novo ao trono de Portugal, com apenas catorze (14) anos, e desde muito jovem que ele tinha uma grande vontade de conquistar vitórias militares, de expandir o território português e de reviver o passado glorioso do Reino de Portugal.
Aos 24 anos, em 1578, D. Sebastião planeou uma cruzada no Norte de África, que culminou na batalha de Alcácer Quibir, no Norte de Marrocos. Infelizmente para D. Sebastião, a batalha não correu da melhor forma para o exército português, que foi derrotado, e o rei acabou por desaparecer sem nunca ser encontrado.
Como já disse, D. Sebastião não tinha descendentes. Após a sua morte, o seu tio-avô, o cardeal D. Henrique subiu ao trono, mas morreu 2 anos mais tarde, em 1580, também sem deixar herdeiros, porque era cardeal e por isso não podia ter filhos. E foi então que tivemos a crise de sucessão de 1580.
Os 3 principais pretendentes ao trono português eram D. Catarina de Bragança, D. António Prior do Crato e D. Filipe II, o Rei de Espanha. Destes 3, D. Filipe II era o que tinha maior poder económico e militar. D. António ainda conseguiu ser aclamado Rei por uma parte da população, mas o seu reinado durou apenas 1 mês, até que foi derrotado pelas forças de D. Filipe.
Desta forma, Filipe II de Espanha tornou-se em simultâneo Rei de Espanha e de Portugal, conhecido como Filipe II em Espanha e Filipe I em Portugal, e formou-se aquilo que ficou conhecido como a União Ibérica.
Inicialmente, muitos portugueses apoiaram esta União, uma vez que o Império Espanhol e o Império Português se complementavam na perfeição. Isto significava mais comércio e mais prosperidade para Portugal, uma vez que a união dos 2 impérios era vantajosa para os mercadores portugueses. Há uma expressão idiomática que reflete isto muito bem: “A união faz a força”.
D. Filipe era um bom governante e permitiu que Portugal continuasse a ser governado por portugueses e que o português continuasse a ser a língua oficial. No entanto, os seus sucessores, D. Filipe III de Espanha (conhecido como Filipe II de Portugal) e D. Filipe IV de Espanha (conhecido como Filipe III de Portugal) foram menos positivos para os portugueses, com políticas que os prejudicavam, com aumentos de impostos, e com participações em guerras contra países com os quais Portugal tinha relações pacíficas.
Isto fez com que o descontentamento aumentasse cada vez mais entre os portugueses, e começaram a haver pequenas conspirações e revoltas por todo o país contra a liderança espanhola. Toda esta situação culminou no nascimento de um grupo de conspiradores clandestinos chamados Os Conjurados.
Os Conjurados eram 40 homens da Nobreza portuguesa que conspiraram para retirar o rei espanhol do poder e pôr no trono D. João, Duque de Bragança. D. João era neto de Catarina de Bragança, que, se vocês bem se lembram, tinha sido um dos 3 pretendentes ao trono quando houve a crise de sucessão.
Pois bem, toda esta conspiração culminou numa revolta no dia 1 de Dezembro de 1640, em que os Conjurados se infiltraram no Palácio da Ribeira e mataram o Secretário de Estado do Governo espanhol e aprisionaram a Duquesa de Mântua, que governava Portugal em nome de D. Filipe.
D. João foi proclamado Rei D. João IV, o primeiro rei da quarta dinastia portuguesa, a Dinastia de Bragança, e passou o resto da sua vida a consolidar, ou seja a solidificar e fortalecer a Independência de Portugal.
Espero que tenham gostado de mais um episódio sobre a História de Portugal e sobre um dos feriados mais importantes para o nosso país.
Antes de me despedir de vocês, peço-vos que dêem uma olhadela ao segundo vídeo que fiz em colaboração com a Liz do canal de Youtube Talk The Streets, em que continuamos a explorar as diferenças entre o português de Portugal e o português do Brasil. No total vamos fazer uma série de 3 vídeos, e o terceiro vai ser publicado aqui no meu canal, daqui a uma semana.
Até lá, muito obrigado por assistirem até ao fim, e vemo-nos para a semana!